quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

DE OLHO NO DESEJO DO PREFEITO DE MANAUS. MAS QUE ELE ASSUMA AS CONSEQUÊNCIAS

PSOL entra com ação contra prefeito de Manaus, que mandou moradora "morrer"
Foto que ilustra o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB, retirada junto á internet

A senadora do PSOL, Marinor Brito (PA), protocolou nesta quarta-feira (23) representação uma representação criminal na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), pelo suposto crime de preconceito e discriminação.

"Numa atitude imprópria e atentatória à dignidade da pessoa, discutiu com uma moradora de área de risco e pediu que ela morresse. O episódio foi todo filmado pelas redes de televisão locais e as imagens, chocantes, ganharam os noticiários de todo o país e a internet (...) Três pontos ganham relevância e merecem a representação para investigação do Ministério Público: (i) a eventual prática de preconceito; (ii) a eventual prática de abuso de poder e autoridade; e (iii) suposto ilícito praticado por agente político", justificou ela no documento.

Na segunda-feira (21), Mendes se irritou com uma moradora de uma área de risco, na zona norte de Manaus, e discutiu com ela em frente às câmeras. Na ocasião, o prefeito disse “morra, minha filha, morra” depois que a moradora se recusou a sair e questionou para onde ela iria.

Após dar esta resposta, o prefeito ainda perguntou de onde ela vinha e, ao saber que a moradora era do Pará, disse em tom de deboche: “Pronto. Tá explicado”.

Ativista nas causas de direitos humanos e respeito às diferenças, a senadora acredita que a atitude do prefeito reforça ainda mais o preconceito da sociedade com relação aos migrantes, em especial à população do Pará, Estado que ela representa no Senado.

"As palavras e atitude do representado em muito destoam da permanente solidariedade, harmonia e tolerância entre os povos e entre as autoridades públicas da região Amazônica (...) As atitudes do representado, então, revelariam uma intolerância a toda a uma coletividade --os migrantes ao Estado do Amazonas, principalmente do Pará--, devido à origem das pessoas que dela fazem parte", afirma na representação.

A expectativa da senadora é que a PGR possa investigar o caso e tomar as providências necessárias. A legislação prevê que "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional" pode ter pena de reclusão de um a três anos de prisão e multa para quem cometeu o crime.

“Não é com esta atitude grosseira, humilhante e desqualificadora de uma mulher trabalhadora que o prefeito Amazonino vai resolver o problema das pessoas que não querem sair dos canais. Como as pessoas que não querem sair das encostas dos morros do Rio de Janeiro porque sabem que o Estado não vai assegurar no dia seguinte um local onde possam morar com dignidade”, concluiu a parlamentar.
Fonte: www.uol.com.br

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