Nárcio, do PSDB-MG: "insatisfeito pode se queixar ao bispo"
Se o tucanato paulista e o mineiro já não dividiam o melhor dos mundos durante a campanha de José Serra à Presidência da República, o tempo ameaçou fechar com a derrota do candidato para Dilma Rousseff (PT). As rusgas entre os tucanos dos dois principais colégios eleitorais do Brasil foram escancaradas na noite de domingo (31), assim que os números foram confirmados.
O coordenador do programa de governo de Serra, Xico Graziano, atacou o ninho mineiro, ao questionar, em seu Twitter, o tamanho da derrota do candidato do PSDB no Estado. "Perdemos feio em Minas, por que será?". A provocação nada velada ao ex-governador Aécio Neves (PSDB), que foi insistentemente cobrado a se empenhar mais na campanha de Serra, era o primeiro sinal aberto do crescente estranhamento entre as duas alas tucanas.
A primeira reação veio minutos depois da provocação de Graziano. Coube ao presidente estadual do PSDB-MG, Nárcio Rodrigues, retrucar o ataque, chamando o coordenador paulista de "arrogante" e entrando na briga, enquanto Aécio acompanhava de longe e recolhido os desdobramentos do que poderia ser o início de uma crise interna.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, vestiu a farda de bombeiro ainda na noite de ontem, depois da fala em que Serra reconheceu a derrota. "Xico Graziano é um companheiro de grande qualidade, mas essa manifestação dele não tem o nosso apoio, nem o do partido e nem da campanha", disse Guerra. "Não é a questão de perder feio em relação a companheiros que fizeram uma campanha dura a presidente da República. Não tem sentido. Não vamos fazer essa contabilidade de quem ganhou feio ou quem ganhou bonito".
Nesta segunda-feira (1), Nárcio Rodrigues voltou ao assunto, em entrevista ao Terra, para minimizar os estragos que este tipo de discussão possa trazer para o PSDB (confira íntegra abaixo). No entanto, ele não abandonou o discurso duro contra a postura adotada pelo tucano paulista, a qual classificou como "ofensiva" por não reconhecer o envolvimento de Aécio na campanha. Mesmo tentando passar uma imagem de que o partido está pacificado, alfinetou: "se alguém estiver insatisfeito, que vá se queixar ao bispo".
Outro dirigente mineiro a entrar como bombeiro para esfriar o mal-estar é o secretário geral do PSDB, Rodrigo de Castro. Para o deputado federal, responsável pela coordenação de Serra em Minas, não existe cisão. Mas, em entrevista após o anúncio da derrota de José Serra, também mandou recado: "O fundamental hoje é termos um partido unido. Não se faz um projeto presidencial pensando em hegemonia de um determinado estado em relação ao outro".
Fonte: www.terra.com.br
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